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Análise de Empresas com Vantagem Competitiva: A Estratégia de Warren Buffett

Atualizado: 15 de jan.

(com base no livro – Warren Buffet e a Análise de balanços)


Introdução


Warren Buffett, um dos maiores investidores da história, sempre focou sua atenção em empresas que ele denomina como “superestrelas”. Essas são companhias cujas ações apresentam crescimento contínuo ao longo do tempo, impulsionadas por uma vantagem competitiva durável.


Buffett entendeu que se uma empresa consegue manter essa vantagem ao longo dos anos, o seu valor subjacente continuará a crescer, proporcionando retornos significativos aos seus investidores. Assim, ele acreditava que pagar um preço justo por essas empresas ainda resultaria em grandes lucros, desde que o investimento fosse mantido por um longo período. Esse pensamento contrasta com a abordagem de Benjamin Graham, mentor de Buffett, que defendia a venda das ações ao atingirem um ganho de 50%.


Buffett identificou três modelos básicos de negócios que essas empresas geralmente seguem: (i) vendem um produto exclusivo, (ii) prestam um serviço exclusivo ou (iii) compram e vendem a baixo custo produtos que são sempre necessários. Além disso, a consistência financeira é um fator chave em sua análise.


Atualmente, é possível encontrar a grande maioria destas informações nas demonstrações financeiras disponibilizadas nos sites de relacionamento com o investidor das companhias.


Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)


O primeiro ponto que Buffett analisa na Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) é a margem bruta. Empresas com vantagens competitivas duráveis tendem a apresentar margens brutas constantemente altas, acima de 40%. Essa margem elevada reflete a capacidade da empresa de estabelecer preços significativamente acima de seus custos, o que é um indicador claro de poder de mercado e diferenciação no setor. Setores altamente competitivos, por outro lado, tendem a apresentar margens brutas menores, refletindo a dificuldade de estabelecer preços premium.


Outro ponto de interesse são as despesas de vendas, gerais e administrativas (VGA). Buffett considera saudável que essas despesas representem entre 30% e 80% do lucro bruto. Uma organização que está repetidamente mostrando despesas VGA acima de 80% provavelmente esteja em um setor altamente competitivo e enfrenta desafios para manter sua participação de mercado.


Além disso, Buffett prefere empresas que pagam pouca despesa com juros. Despesas de juros elevadas indicam que a companhia opera em um setor altamente competitivo, onde são necessários grandes investimentos em ativos fixos. Empresas com despesas de juros inferiores a 15% do lucro operacional geralmente estão em uma posição financeira mais sólida. Ainda assim, é necessário comparar esta informação com os pares do setor em que a empresa se encontra.


Para finalizar a análise da DRE, Buffett dá especial atenção ao crescimento constante do lucro líquido, preferindo olhar diretamente para o lucro em si, em vez do Lucro por Ação (ao diminuir o número de ações em circulação, é possível aumentar o LPA), que pode ser distorcido por recompra de ações. Ele busca empresas com margens de lucro líquido entre 10% e 20%, o que indica que a empresa consegue converter uma boa parte de sua receita em lucro.


Balanço Patrimonial (BP)


No Balanço Patrimonial, o primeiro item que Buffett avalia é o caixa e os investimentos de curto prazo. Empresas que possuem grandes quantidades de caixa e poucos passivos indicam solidez financeira e a capacidade de resistir a crises. Para garantir que o caixa foi gerado por operações comerciais e não por eventos únicos, Buffett sugere analisar os últimos sete anos de desempenho da empresa. Se o caixa foi acumulado de forma orgânica e a empresa apresenta pouca ou nenhuma dívida, isso é um forte indicativo de uma vantagem competitiva durável.


Outro fator chave no balanço é o lucro acumulado. O crescimento constante desse item demonstra que a empresa está utilizando eficientemente seus lucros, reinvestindo-os de maneira a impulsionar o crescimento futuro. Empresas com vantagem competitiva durável tendem a reter uma porção significativa de seus lucros, o que acelera o crescimento do lucro acumulado e, por consequência, o crescimento futuro da companhia.


Além disso, Buffett valoriza empresas com um Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) alto, pois isso indica que a companhia está utilizando seus recursos de maneira eficiente. Um ROE elevado, aliado ao crescimento do lucro acumulado, mostra que a empresa está maximizando o retorno para seus acionistas, um sinal claro de vantagem competitiva.


Valuation e Momento de Compra


Após identificar uma empresa com essas características, é crucial utilizar técnicas de valuation para determinar o momento certo de investir. Buffett acredita que, ao encontrar uma companhia com vantagens competitivas duráveis e fundamentos financeiros sólidos, é possível pagar um preço justo e ainda assim obter retornos expressivos no longo prazo. A paciência, neste caso, é uma virtude essencial para garantir o sucesso do investimento.


Conclusão


A filosofia de Warren Buffett está centrada na busca por empresas com vantagens competitivas duráveis, que se manifestam em margens financeiras consistentes, crescimento do lucro e pouca dívida. Ao seguir esses princípios, Buffett foi capaz de identificar companhias que, ao longo dos anos, proporcionaram retornos extraordinários aos seus investidores. A análise criteriosa das demonstrações financeiras, aliada a uma abordagem de investimento de longo prazo, continua sendo uma estratégia eficaz para identificar e investir em empresas de alta qualidade no mercado.


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